Quando são mencionadas as sequelas causadas pelo novo coronavírus em relação aos olhos, o assunto ainda é novo. Aos poucos, conforme novos rumos são tomados, toda a comunidade médica e principalmente a população vão sendo informadas sobre o assunto. De acordo com o Ocular Immunology and Inflammation Journal, cerca de 20% dos pacientes com a forma mais grave do COVID-19 sofreram com sequelas graves na visão.
As principais sequelas oculares
Os sintomas mais comuns da COVID-19 são: febre, cansaço e tosse seca. Entretanto, há outros sinais que precisam de atenção, como a conjuntivite, que acaba por afetar a região ocular.
A retina, segmento posterior do olho, é onde toda a imagem vai ser codificada para enviar as informações ao cérebro. Ocorre que ela pode ser prejudicada pela trombose e causar uma espécie de derrame no fundo do olho. Pelo fato da COVID-19 causar as tromboses, isso pode resultar em oclusões venosas, um edema macular, um inchaço na área da visão e até mesmo uma perda visual decorrente dessas alterações.
“Um exame de OCT, que é a tomografia de coerência óptica, analisa de forma bem detalhada as camadas da retina. Tem sido visto que algumas camadas são alteradas pelas sequelas da COVID-19. Esses estudos já foram feitos avaliando essas fibras nervosas em pessoas com Parkinson e Alzheimer. Como o novo coronavírus tem causado algumas alterações neurológicas e existe essa comunicação do olho com o cérebro, com alguns estudos podemos verificar se há sequelas no envio das informações.” explica o oftalmologista Dr. Daniel Kamlot.
Sintomas
Quando se observa a região ocular frontalmente, não é possível saber se a COVID-19 deixou alguma sequela, já que a retina fica no fundo dos olhos. Somente com um exame de fundo de olho, onde o globo ocular é dilatado e verificado com maiores detalhes, pode-se notar alguma diferença.
“O paciente relata uma baixa visual, uma perda do campo visual. Agora, quando o médico avalia, existe uma hemorragia na área posterior da retina, onde se percebe que houve essa oclusão, essa trombose que pode ter sido causada pelo coronavírus”, avalia o oftalmologista. Dependendo da forma da oclusão, ela pode causar uma isquemia, uma falta de oxigenação, podendo resultar num glaucoma vascular.
Tratamento e recomendação
Caso o indivíduo tenha o problema decorrente da COVID-19, o ideal é buscar um especialista e realizar um diagnóstico e tratamento precoce. Muitas vezes, essa terapia pode ser atingida com laser, diminuindo assim essas áreas de isquemia, evitando a proliferação de neovasos que vão causar um sangramento e até mesmo um edema vascular, ou seja, um inchaço na área da visão que resulta numa baixa visual.
Também é importante tomar todos os cuidados devidos para evitar tanto a transmissão quanto a contração do vírus, seguindo todas as recomendações conhecidas e nesse caso em especial, tomar cuidado com o contato das mãos com os olhos.
“A mucosa do olho é uma área com secreção, ou seja, é uma região de transmissibilidade. Você coça o olho, aperta a mão de outra pessoa e ela também leva os dedos na região dos olhos, existe a possibilidade da transmissão do vírus. Sendo assim, lavar bem as mãos, principalmente quando se teve contato com outra pessoa, higienizar as mãos com álcool em gel, evitar o contato dos dedos com os olhos, todo cuidado é pouco”, finaliza o oftalmologista Dr. Daniel Kamlot.
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