A alimentação, caso não seja bem administrada, em alguns casos pode resultar no chamado refluxo gastroesofágico, que nada mais é do que aquela sensação de queimação que atinge a área do peito onde fica o estômago, podendo chegar até a garganta.
Por outro lado, pessoas com ansiedade ou quadros depressivos tendem a desenvolver o refluxo devido aos problemas digestivos causados por esses transtornos. No Brasil, conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), 9,3% da população sofrem de transtorno da ansiedade e 5,8% de depressão.
O refluxo, se não tratado de forma adequada, tende a progredir para dores e inflamação na parede do estômago (esofagite). Isso vai depender da quantidade de ácido do estômago que entra em contato com a mucosa do esôfago.
Pilar essencial causador do refluxo
Nesse grande tripé do refluxo há um pilar essencial, que é a alimentação inadequada. Gorduras, frituras, café, chocolate, chás pretos e bebidas com grande teor de cafeína causam o relaxamento do esfíncter inferior do esôfago, propiciando o refluxo.
“Se a pessoa não tem propensão ao refluxo, provavelmente os incômodos não acontecerão. Mas, uma pessoa que esteja se alimentando mal com o acréscimo dos alimentos propiciadores, aliando tais causas ao sobrepeso, ansiedade e irritação, o refluxo pode se apresentar como resultado”, informa o Dr. Maurice Youssef Franciss, cirurgião do aparelho digestivo.
Sintomas mais frequentes
Os sintomas do refluxo geralmente são bem desconfortáveis. Há como citar aquela azia incômoda, o arroto frequente e inclusive a indigestão. A queimação, além da sensação de bola na garganta (globos faríngeos) e a dorzinha no ossinho próximo à boca do estômago também podem aparecer com o refluxo.
Há ainda os sintomas atípicos como a dor no peito, tosse crônica, pneumonia, pigarro na garganta, rouquidão e alteração na voz.
Refluxo na infância e adolescência
Crianças também têm refluxo. Há os congênitos, aqueles que ocorrem em bebês que muitas vezes regurgitam durante ou logo após o aleitamento. Pode acometer também crianças na idade escolar, principalmente por causa dos alimentos. Nesses casos a avaliação do pediatra se faz necessária.
Hoje, com o aumento da alimentação via fast food, acaba-se por ter o refluxo na adolescência com muito mais frequência do que há vinte anos.
Refluxo causa câncer?
Tem sido bastante comum o diagnóstico de câncer no esôfago. Hoje em dia, os métodos de avaliação aumentaram. Sendo assim, há um maior número de diagnóstico positivo.
O problema é estomacal e esofagiano. Quando o ácido do estômago queima muito o esôfago por anos consecutivos, pode vir a transformar as células esofagianas em células doentes e sim evoluir para o câncer de esôfago.
Cuidados essenciais
A regra para os cuidados básicos vão além da alimentação correta. Ou seja, evitar muito tempo em jejum, alimentação com volumes grandes e mascar chiclete a todo instante. Evite também beber líquidos junto com as refeições. É bom não deitar logo após o almoço ou o jantar. Quando há essa educação, os benefícios para o estômago são muitos.
“No período noturno, o ideal é se alimentar com ingredientes mais leves e evitar comes e bebes logo antes de dormir. Esse tempo entre a alimentação e a hora do sono deve ser de, no mínimo, duas horas”, explica o cirurgião.
No caso do refrigerante, por exemplo, ele é uma bebida gasosa. Ou seja, é mais fácil essa substância retornar pela boca do que migrar para o intestino. Portanto, favorece o refluxo, além de ter cafeína e ser uma bebida açucarada.
Quanto aos bebês, é essencial o tempo que eles passam no colo de suas mães para poderem arrotar. No caso das crianças maiores, é mais fácil educá-las para uma alimentação adequada, ou mesmo o adolescente, do que reeducar um adulto. Portanto, controle a alimentação dos filhos. Sendo assim, o risco de refluxo será menor.
Tratamento com remédio ou cirurgia
Na maioria dos casos sintomáticos de refluxo, a pessoa precisa ser tratada com medicações específicas. E isso é algo bastante comum.
Quando há a necessidade de tratamento farmacológico, ele é de fácil acesso. Não é caro e previne as evoluções.
Em alguns casos necessita-se da cirurgia do refluxo para melhorar a qualidade de vida do paciente. Cada vez mais a cirurgia aberta está diminuindo, já que o médico vem tendo a oportunidade do procedimento via videolaparoscopia ou robótica.
“O alimento, quando passa pela boca, é triturado. Ao descer pelo esôfago, esse faz uma contração até chegar à transição com o estômago. Ali existe uma válvula chamada esfíncter inferior do esôfago. Pessoas que têm refluxo possuem essa válvula frouxa (Hérnia de Hiato). No caso cirúrgico, corrige-se a hérnia e aperta-se o esfíncter para que o ácido do estômago não suba”, esclarece o Dr. Maurice.
Cirurgia bariátrica causa refluxo?
Pessoas que fazem cirurgia de redução do estômago vão depender da técnica utilizada no procedimento para resultar ou não num quadro de refluxo.
A cirurgia denominada Sleeve Gastrectomia Vertical tende a ocasionar maior refluxo. Já a Bypass trata o refluxo. Ambas são de média complexidade.
“A pessoa obesa precisa ser investigada pelo médico especialista. Ele tem a capacidade de diagnosticar se ela possui refluxo ou não. Sendo assim, muda-se a técnica cirúrgica”, finaliza o cirurgião do aparelho digestivo, o Dr. Maurice Youssef Franciss.
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