O trauma é um evento que acometeu determinada pessoa e gerou em si uma memória atrelada a emoções e sensações negativas. Essa memória emocional afeta o comportamento do indivíduo de maneira subconsciente e neurobiológica, podendo resultar numa depressão ou quadro de ansiedade. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), 9,3% da população sofre com ansiedade, uma patologia que acomete 260 milhões de pessoas em todo o mundo.
Hipnose e hipnoterapia
A hipnose é um estado de consciência em que a pessoa fica em vigília, ou seja, ela está acordada, porém, consegue se conectar melhor com seu subconsciente e emoções.
Agora falando sobre hipnoterapia, ela consiste numa terapia feita com a pessoa em estado de hipnose. Há várias técnicas utilizadas, porém a mais conhecida é a regressão, que é o retorno a determinado momento da vida física do indivíduo que possa ter funcionado como um trauma.
“Nós ajudamos a pessoa a vivenciar novamente momentos negativos, só que agora se sentindo bem, com outras emoções e sensações corporais. Como a nossa memória é algo modificável, muda-se justamente o aspecto que gera o trauma. Não se muda a memória do que aconteceu, apenas neutralizam-se emoções ou sensações corporais que são responsáveis pelo efeito de trauma”, explica o médico psiquiatra Dr. Ivan Barenboim.
EMDR
EMDR (Eye Movement Dessensitization and Reprocessing) é uma técnica de psicoterapia, que pode ser utilizada em conjunto com a hipnose ou não, e que mimetiza o sono REM (Rapid Eye Movement), um estágio do sono capaz de processar eventos relevantes ou salientes emocionalmente.
“Essa técnica é natural na nossa constituição física cerebral. Porém, nem sempre isso é suficiente para obter o processamento. O EMDR é um sono REM, só que com um alvo específico e a pessoa estando acordada. Hoje em dia, se sabe que não necessariamente precisa fazer com os olhos. Qualquer estímulo bilateral sendo feito da maneira correta, consegue-se processar traumas de maneira não verbal”, esclarece o psiquiatra.
O EMDR pode remover o fator emocional relacionado a uma imagem ou pensamento que sejam recorrentes e impeça o paciente de seguir em frente e superar um determinado trauma.
Quadros depressivos
Em alguns casos, tais técnicas podem ajudar e até resolver o problema com a depressão, que são nas situações em que percebe-se que a depressão está ligada totalmente ou parcialmente a traumas.
“A depressão é mais complexa. Há aspectos neurobiológicos e genéticos muito relevantes. Portanto, nem sempre esse modelo de tratar os traumas vai resolver todos os sintomas da depressão. Por outro lado, o modelo biológico em se usar simplesmente um remédio que atua de uma maneira muito específica no cérebro, muitas vezes também é insuficiente. O que precisamos fazer? Analisar cada caso e ver quais tratamentos têm mais chances de ajudar determinada pessoa”, orienta o Dr. Ivan.
Indicações
Esses tratamentos são indicados para pessoas que possuem traumas onde há suspeita de efeitos significativos sobre a desregulação do sistema límbico do indivíduo. Essa desregulação normalmente se expressa com os seguintes sintomas: autoestima baixa, sensação de incapacidade, medos excessivos, insegurança excessiva, dentre outros.
“Falei em individualizar e indicar a ferramenta correta para o paciente certo, mas existem estudos em que pacientes com depressão utilizaram essas terapias para traumas e tiveram resultados. Ou seja, funciona mesmo que você coloque estatisticamente num grupo geral. E funciona melhor ainda quando são indicadas às pessoas certas”, finaliza o médico psiquiatra Dr. Ivan Barenboim.
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