De acordo com uma pesquisa realizada pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) nos meses de maio, junho e julho de 2020, 80% das pessoas se tornaram mais ansiosas durante a pandemia. Com a tendência do isolamento social causar problemas psicológicos, estar atento às técnicas para sua recuperação pode ser fundamental.
A hipnose
A hipnose se caracteriza por um estado de vigília, onde a pessoa fica mais conectada com seu emocional e seu subconsciente. Outra característica desse estado, mas que não é tão utilizada no processo terapêutico é a sugestionabilidade, que faz o paciente ficar mais sugestivo a fazer algo, mas é usada mais para hipnose de palco.
“Do ponto de vista da terapia, o mais importante é essa facilidade de se conectar com o subconsciente, emoções e memória”, explica o médico psiquiatra Dr. Ivan Barenboim.
A hipnoterapia
A hipnoterapia ou hipnose clínica é uma psicoterapia feita enquanto a pessoa está em estado de hipnose. Porém, não é somente trazer à tona ou fazer uma catarse de determinado conteúdo sobre a vida do paciente.
“Trazer de uma maneira intensa sentimentos ou traumas e não resolver, não mudar as sensações corporais utilizando alguma técnica, isso pode até reforçar o trauma. Quando feita com quem sabe o que faz, as chances disso acontecer são pequenas”, esclarece o psiquiatra.
Hipnoterapia relacionada a memória
O objetivo da hipnoterapia não é apagar a memória declarativa, portanto a narrativa da vida da pessoa não será extinta. O que pode mudar é o conteúdo emocional e a memória implícita ligada àqueles eventos.
“As emoções, as sensações corporais, os sentimentos, a gente neutraliza isso. Existe um termo utilizado que é ‘dessensibilização’. A gente pode até ressignificar, que é você entender de outra maneira, dar outro significado para aquilo. Porém, nem sempre é o suficiente. Você precisa mais, dessensibilizar. Ou seja, mudar as emoções e as sensações ligadas àquele trauma”, discorre o Dr. Ivan.
Inclusive, o paciente pode se lembrar do conteúdo da sessão. Algumas pessoas podem esquecer algo, porém, é raro de acontecer.
Ceticismo e religião
É comum existir um ceticismo quanto ao embasamento científico da hipnoterapia. Todavia, existem estudos que mostram a eficácia do tratamento da hipnoterapia contra a depressão e ansiedade.
“Sabemos inclusive que há estudos com ressonância magnética funcional que mostram, de fato, essa regulação do sistema límbico ocorrendo quando a gente trata os traumas”, acrescenta o psiquiatra.
Além disso, quando se fala em regressão de memória, algumas pessoas podem associar isso a vidas passadas, entrando no campo religioso. Mas quando se busca a hipnoterapia com um profissional que tem o foco em tratar o trauma, sendo esse especialista uma pessoa com formação na área, o mesmo não usará a hipnose para algo voltado ao misticismo, espiritismo, ou possíveis outras vidas.
“A hipnose é usada para acessar melhor os conteúdos emocionais do subconsciente, memórias da própria vida da pessoa, de maneira a reprogramar o subconsciente, no bom sentido. Algumas pessoas têm medo de serem controladas, de terem a sua mente invadida, mas elas têm autoridade sobre o que estão fazendo, só ficam mais conectadas com suas emoções”, ilustra o Dr. Ivan Barenboim.
A hipnoterapia está dentro do limite científico e é uma alternativa ao tratamento para traumas.
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