A interrupção de uma gravidez ou a sua descontinuação, essa realizada de forma espontânea ou induzida, dá-se o nome de aborto.
Na classificação médica, o aborto é denominado precoce quando ocorre antes da 13ª semana da gravidez (1º trimestre) ou tardio, quando acontece após a 13ª e a 22ª semana.
Entre 2015 e 2019, conforme relatório divulgado na “The Lancet Global Health”, 61% (sessenta e um por cento) das gestações não planejadas terminaram em aborto, ou seja, mais da metade.
Mas, e quando um aborto acontece e, tempos depois, a mulher deseja engravidar? Entenda agora se a gestação nesse casso é possível ou não!
Entendendo o aborto e as causas
O aborto decorre da chamada perda gestacional. Ele é mais comumente no primeiro trimestre da gravidez, ou seja, nas treze primeiras semanas de uma gestação. Quando isso acontece mais vezes denomina-se aborto recorrente.
Um problema no aparelho reprodutor, por exemplo, pode causar esse aborto. Vale lembrar que: mesmo a mulher com abortamento recorrente, a mesma poderá ter uma gravidez saudável. Para tal sucesso é preciso investigar e avaliar caso a caso, reconhecendo se a causa é hormonal ou anatômica com alguma alteração por exemplo.
“Uma causa muito comumente falada é a trombofilia, quando há chances maiores da mulher formar pequenos coágulos em alguns vasos na parte interna do útero dificultando a invasão do embrião levando ao abortamento”, explica o especialista em reprodução assistida Dr. Alessandro Schuffner.
Contudo, há causas masculinas e que precisam de atenção. Homens com a chamada varicocele, que é a dilatação da veia do testículo, podem levar à fragmentação do DNA do espermatozóide e dessa forma aumentar as chances de um abortamento.
Outra causa importantíssima a ser avaliada é a alteração genética, essa frequentemente cromossômica. Avaliando todas as informações e posteriormente corrigindo essas alterações, diminuem-se as chances dessas variantes agirem, deixando livre a gravidez contínua.
Idade como influência na gravidez pós-aborto
Um fator importante para o sucesso da gestação é a idade da mulher. O óvulo tem uma desvantagem em relação ao espermatozóide que é exatamente a mesma célula desde a vida intrauterina da pessoa. Portanto, aumentam as chances de vir um óvulo com alteração cromossômica. E quanto mais grave for essa discordância a ser passada para o embrião, o aborto se torna mais precoce, ou então a mulher nem chega a engravidar.
“Existe a relação da idade da mulher com o aumento das perdas. Uma alternativa que teríamos seria através de uma fertilização in vitro com estudo genético embrionário. Sendo assim, não haveria mais um embrião com alteração cromossômica produzindo uma gravidez”, acrescenta o especialista.
Crianças que nascem após a mãe ter tido um aborto
Há uma pergunta frequente entre as pessoas que desejam engravidar:
‘Uma criança que nasce após a gestante ter perdido outros filhos via aborto tende a vir com algum problema?’
Se for uma alteração relacionada à trombofilia e com um impacto no último trimestre da gravidez, essa criança tende a ter um crescimento intrauterino restrito. Contudo, com um diagnóstico prévio, trata-se e elimina-se qualquer impacto. A criança nasce com um peso habitual e sem outras alterações. Na realidade, o diagnóstico precoce encontra os caminhos para sanar tais problemas futuros.
Abortos ilegais recorrentes
Forçar o aborto pode dificultar uma futura gravidez, caso a mulher opte por ter um filho mais tarde. Nos chamados ‘consultórios’ para tais ações ilegais, as instrumentações intrauterinas geralmente não são esterilizadas adequadamente e o acompanhamento pós-coletagem é falho, ou seja, não há os devidos cuidados.
Há inclusive mulheres que recorrem a pessoas que, muitas vezes, nem médicos são. Dessa forma aumentam-se as chances de aderências dentro do útero. Nesses casos, um diagnóstico preciso com um tratamento adequado pode resolver a questão no futuro.
Por que há risco de abortamento nos três primeiros meses?
Ele é maior devido ao fato do processo inicial de adaptação do útero, assim quando há uma alteração cromossômica muito grave, ocorre como um mecanismo de seleção natural, ou seja, o embrião para o seu desenvolvimento na fase inicial.
Contudo, independente de quantas vezes houve uma interrupção da gestação, a mulher não pode desistir do sonho de ser mãe.
“Há alternativas para diagnosticar e tratar os eventuais problemas que afetam a gravidez. A mulher tem adiado a concepção e com o aumento da idade cresce a chance de um abortamento. Porém, tudo isso é corrigível e tratável. A pessoa não deve desistir do sonho que vem desde a adolescência que é a constituição de uma família. Nós damos o máximo que podemos para a realização desse sonho e dessa forma tornar todo mundo feliz”, finaliza o Dr. Alessandro Schuffner.
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