O câncer também é uma doença genética. em torno de 10 a 15% dos casos eles podem ser hereditários, ou seja, cânceres familiares onde há o grupamento de pessoas em que exista maior incidência de algum tipo de tumor.
Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil deverá registrar para cada ano do triênio 2020/2022 uma média de 625 mil novos casos de câncer.
Contudo, como saber se a pessoa tem pré-disposição para um tumor que venha de uma linhagem genética familiar? Entenda agora!
Testes que detectam se a pessoa tem pré-disposição a um câncer hereditário
Antes da realização de qualquer teste é preciso falar sobre o aconselhamento genético. Nele é possível entender os critérios para se pensar em câncer hereditário.
Por exemplo: há muitos diagnósticos numa família em que os tumores conversam entre si e ainda ocorre o acometimento em pessoas com idade mais jovem. Pode-se citar também o aparecimento de um câncer raro (de mama triplo negativo ou o de ovário) ou mesmo dois cânceres numa única pessoa, mas que não seja uma metástase. A partir desses primeiros critérios avalia-se se há ou não a necessidade desses tipos de testes genéticos.
“Há diversos testes genéticos para determinados grupamentos de câncer.”, explica o médico geneticista Dr. Caio Bruzaca. “Para o câncer de mama, ovário e pâncreas é solicitado o sequenciamento do BRCA1 e BRCA2, dois genes relacionados a pré-disposição a esses cânceres.”, de acordo com o médico.
Um dos testes acima citados é o mesmo exame feito pela Angelina Jolie. A mãe da atriz teve câncer de ovário aos 56 anos. É um tipo de tumor muito raro. Portanto, como a matriarca da família fez o teste genético, consequentemente Angelina também o fez. Foi comprovado que ela tem pré-disposição ao câncer hereditário também.
Portanto, quando há casos de muitos tumores numa família, primeiramente faz-se uma consulta com um médico geneticista onde ele vai avaliar se há necessidade ou não do teste genético.
“A pessoa que decide por fazer um teste desse tipo deve procurar um geneticista, pois o procedimento não é tão simples como parece. É um exame de sangue, mas que contém informações em que é necessária uma conversa prévia com o paciente antes da realização do teste. É que, dependendo do resultado, vai mudar completamente a vida da pessoa após o exame”, acrescenta Dr. Caio Bruzaca.
Uma vez que o médico identifica que a pessoa tem uma mutação no BRCA1, por exemplo, há um risco aproximado de 80% de chances de um câncer de mama. No caso da atriz Angelina Jolie, ela fez a mastectomia redutora de risco pela alta taxa de probabilidade.
Os melhores protocolos estão relacionados à mama e ovário. Um teste pode detectar a possibilidade de 40% de chance de um câncer de ovário. Quando se pensa que uma mulher, na possibilidade menor, tem 1% de chance em ter esse tipo de tumor, nota-se o quanto aumenta essa porcentagem.
Aconselhamento genético antes da realização do exame
Tais informações de porcentagens precisam ser repassadas ao paciente. Por isso há todo o aconselhamento antes do procedimento.
“Eu tive uma paciente recente que já veio com o exame na mão. Como não houve uma boa interpretação por parte do médico realizador, ela se dirigiu até meu consultório. Infelizmente o exame dela estava alterado com o BRCA1, e a própria paciente entendeu que ele não deveria ter solicitado o exame sem antes informá-la”, aconselha o geneticista.
Existem pessoas que não têm estrutura para um resultado como esse. Sendo assim, elas próprias optam por não realizarem o exame. Há casos em que pessoas cometeram o suicídio após o teste.
Lidar com a informação nem sempre é fácil, por isso há o aconselhamento genético. O médico geneticista tem toda a habilidade para tal. Sendo assim, a pessoa é quem irá decidir se quer realizar o procedimento ou não. E caso a resposta seja positiva, a pessoa terá que decidir os próximos passos. Tirar uma mama ou o ovário, por exemplo, é uma disposição que parte da própria paciente e não do médico.
Existe um protocolo médico que sugere a realização da cirurgia. Tanto no SUS quanto no convênio é possível a efetivação do procedimento cirúrgico.
Mesmo assim, isso não significa que a pessoa elimina em 100% a possibilidade em desenvolver a doença. Reduz-se o risco de um câncer de mama ou de ovário, mas essa é uma situação em que há o câncer de pâncreas envolvido.
“E digo mais: enquanto estivermos vivos, podemos ter tumores em qualquer lugar do corpo e em qualquer época. Hoje, o público que geralmente o geneticista atende são mulheres de 30 a 35 anos com câncer. Há um tempo, onde se ouvia falar em adultas jovens com essa idade acometidas por essa doença”, comenta o geneticista.
Medicina de precisão
Um teste genético é o caminho da medicina avançada para que exista uma probabilidade de prolongamento da vida com qualidade.
“A medicina de precisão usa desses artifícios de testes genéticos para um melhor predizer, tanto na incidência de câncer quanto ao melhor remédio para tal doença, já que hoje isso é possível também. A medicina de precisão está cada vez mais presente em nossas vidas”, finaliza o médico geneticista Dr. Caio Bruzaca.
Fonte
Redação | Doutor TV
Redação | Doutor TV