Os últimos 12 meses trouxeram um grande desafio à conhecida rotina do brasileiro. Desde março de 2020 a população dos 26 Estados e o Distrito Federal se deparou com a chegada em território nacional do Sars-CoV-2, causador da pandemia de Covid-19. Um cenário bastante desafiador, até porque o Brasil, antes de se deparar com a pandemia, já era o 5º país mais depressivo (cerca de 11 milhões de pessoas acometidas) e o mais ansioso (cerca de 18 milhões de pessoas acometidas), conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Travessar esse período de maneira saudável tornou-se um imenso duelo. Portanto, ter uma boa administração das emoções é essencial para potencializar a racionalidade, o que resulta em maior assertividade, esperança e fé diante de um processo tão conturbado e duvidoso.
Mas como administrar as emoções perante tamanhas incertezas? Entenda agora alguns caminhos possíveis e resultados.
Administrando suas emoções
O primeiro de tudo é entender a diferença entre ‘controlar’ e ‘administrar’. Nem sempre há como ter o controle das emoções, mas é possível administrar cada passo dado.
“As emoções consideradas negativas não estão ali à toa, e sim na função cognitiva para que haja maior assertividade na hora de racionalizar”, explica Larissa Paes Leme, psicóloga clínica.
As pessoas têm maior tendência em acreditar que o ideal a se fazer é eliminar as emoções ruins para que se consiga pensar melhor. Contudo, até esse tipo de emoção traz algo positivo na vida. Então, conseguir administrá-las é bom.
Entender a situação que lhe traz raiva, medo, o porquê de essa potência ser tão grande, compreender o processo em que essa emoção é despertada e qual a sua intensidade, tudo isso é o primeiro passo para reconhecer que há algo desconfortável e incômodo na gente. É também assumir que tais emoções trazem potencialidade.
As mudanças e a zona de conforto
Toda mudança tende a soar como ameaça. A ansiedade e o medo que isso causa é natural do ser humano, até porque há o receio de que o novo caminho a ser percorrido possa não dar certo.
O que diferencia as mudanças naturais da vida com a que essa pandemia impõe, é que há um sobrepeso: o obscuro. É como se não houvesse uma luz no final do túnel.
“Não é uma mudança natural e resultante de uma pró-ação para algo significativo. A pessoa está sendo obrigada a viver daquela maneira. E mais: as pessoas já estão ficando cansadas. Ao mesmo tempo tem o medo do que irá acontecer daqui pra frente”, analisa a psicóloga clínica.
Fica a pergunta: ‘Será que irei conquistar tudo aquilo que estava planejando?’ Ou seja, há muitas indagações envolvidas nessa transformação que resulta numa forte ameaça diferente das que se conhece e correspondem à existência.
Principais atitudes para atravessar um período nebuloso
A ideia de estar em casa pode potencializar em mais ações do dia a dia. Acumulam-se um maior número de trabalhos e isso tende a tirar os momentos de descanso. Portanto, a energia se desfaz. Por outro lado, optar pela positividade e recursos para administrar as emoções é essencial.
Busque otimismo:
Além de administrar as emoções, torna-se essencial tentar recursos necessários para tal. É possível alcançar a esperança e fé entendendo que tudo isso irá passar. Lógico, mudar requer tempo e há de se respeitar o próprio à sua maneira.
Entenda os recursos à disposição:
Buscar uma atividade física, não procrastinar o próprio momento de descanso, até porque estar em casa vivendo um isolamento social não significa repouso, tudo isso resulta em benefícios. Ou seja, descansar é, acima de tudo, um estado de espírito.
Aprenda a conviver com os outros:
A projeção em descontar nossas frustrações e medos no outro pode ser potencializada. Isso é uma defesa no intuito de não encarar o que está dentro da gente.
Os recursos terapêuticos são ótimos para descarregar as emoções e entender esse processo pelo qual estamos passando. São também necessários para se adaptar a esses momentos. Por exemplo: a pessoa está em casa, mas não está só. O que fazer para moldar essa situação ao trabalho, aos estudos? A resposta pode ser: buscar um lugar dentro de casa que seja mais calmo, tentar descarregar o que é ruim trazendo uma racionalidade adaptando-se a essa nova mudança.
Busque ajuda profissional quando necessário:
É importante e muito significativo optar pela ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo, quando houver a necessidade de um auxílio, até para que não piore a situação da pessoa que passa por esse desconforto emocional.
“Lidar com as próprias emoções é um processo difícil. Na pandemia, quando a pessoa se sente aprisionada e sozinha, isso pode se potencializar. Portanto, procurar por uma ajuda no intuito de refletir, encontrando maneiras e recursos é imprescindível. Muitas vezes, na solidão, isso se torna impossível. Trabalhar tudo isso com a ajuda de um profissional da saúde de uma forma geral é bastante significativo. Não pode ter vergonha em procurar ajuda”, finaliza a psicóloga clínica Larissa Paes Leme.
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