Se o assunto de hoje em dia é a pandemia de Covid-19, a busca por informações cresce a cada momento. Evolui-se também as pesquisas e dados sobre como a doença se comporta no corpo humano.
Conforme dados do Consórcio de Veículos de Imprensa, no último 01 de abril de 2021 o Brasil registrou 12.842.717 casos de Covid-19 desde o início da pandemia. Desses, 325.559 vieram a óbito.
Características da doença
O coronavírus tem um comportamento muito distinto de outras infecções tratáveis. Ele se dissemina pelos dois pulmões e cria focos de inflamação em diferentes pontos. O mecanismo de como ele age tem sido cada vez mais pesquisado.
“Basicamente o coronavírus cria um ambiente de inflamação. Isso atrai células de defesa que tentarão combatê-lo, mas acabam por produzir mais inflamação. Inicia-se, então, um ciclo que, ao entrar na fase de pneumonia, é chamado de tempestade imunológica. Ou seja, é muito mais grave. Gera uma reação inflamatória em diversas áreas dos pulmões. Diferente de outra pneumonia causada por bactérias que ocorre numa região mais específica”, explica o pneumologista Dr. João Carlos de Jesus.
Como a infecção do coronavírus ocorre em várias regiões do pulmão, é muito comum, após uma tomografia, o laudo vir com a descrição de porcentagem da área acometida. É a junção de diversos focos para entender melhor a gravidade da doença.
Falta de ar
Um fato importante e muitas vezes não claro para algumas pessoas é que durante a Covid-19 o doente pode ter uma pneumonia e não apresentar falta de ar.
“A falta de ar está relacionada com diversos fatores. Uma pessoa jovem, atlética, que tem um quadro de Covid-19 principalmente com dor de garganta, dor no corpo, febre, pode não tem desconforto respiratório. Contudo, é muito frequente ao realizar uma tomografia ser identificado focos de pneumonia em seus pulmões.”, esclarece o pneumologista.
Porém, se essa pneumonia se tornar cada vez mais extensa e evoluir para o quadro de tempestade imunológica, esses mecanismos de compensação, como a musculatura e o pulmão bom, podem não ser o suficiente para equilibrar a mecânica respiratória. A falta de ar e o cansaço pode ser um sinal de gravidade.
Caso a pessoa já tenha algum problema crônico como diabetes, pressão alta, ser sedentária, talvez uma pneumonia não tão extensa possa ser o suficiente para uma evolução à forma mais grave.
Um dos maiores problemas é que, no início da doença, a pessoa pode não notar que esteja com pneumonia, desvalorizando o cansaço diante de pequenos movimentos. Ou seja, varre um chão e tem um desconforto, respira de forma dificultosa durante o banho, mas acaba subestimando esse cansaço.
Outros da pneumonia
No contexto da Covid-19, geralmente a fase aguda da doença dura de duas a três semanas. Os primeiros sete dias são de sintomas mais brandos como a dor de garganta, perda de olfato e paladar, dor de cabeça, ou seja, situações inespecíficas.
A partir do sétimo ou oitavo dia, a inflamação pode aumentar. Nesse momento, uma piora respiratória, cansaço, falta de ar, tosse, já são indicativos de que pode estar ocorrendo uma pneumonia mais abrangente. Cabe uma avaliação médica para prosseguir com os cuidados.
“A gente não espera, via Covid-19, aquela secreção oriunda de outras pneumonias, ou seja, quando a pessoa tosse e expectora. Nessa doença a tosse é mais seca, irritativa, sem abundância de secreções, e o que mais chama a atenção é realmente o cansaço. Muitas pessoas têm, hoje em dia, seu oxímetro em casa e conseguem observar que essa saturação tende a cair. A saturação normal é de 95% ou mais. Quando se flagra uma saturação mais baixa é porque aquela inflamação nos tecidos pulmonares faz com que o oxigênio que chega pelo ar não consiga entrar no sangue através das membranas”, acrescenta o Dr. João Carlos.
Nesse caso, é hora de ir para o pronto-socorro e provavelmente ficar hospitalizado. Por isso é imprescindível toda a atenção aos detalhes pequenos, como aquele cansaço ao tomar banho ou trocar de roupa.
Reações pós-covid
O aspecto de cansaço, fadiga e desconforto pode ser causado por diversos motivos. Quais?
Quando se tem uma pneumonia extensa, a fase em que o vírus causa a inflamação passa. Após as duas semanas ele vai embora, já que o sistema imune o destruiu. Porém, toda a inflamação necessária para essa destruição ainda está presente nos tecidos pulmonares. Leva em torno de quatro a seis semanas para que ela se desfaça e a pessoa volte a ter uma respiração normalizada.
Apesar disso, um processo de cicatrização também pode ocorrer e levar à fibrose pulmonar. É algo que os médicos lutam para que não ocorra, senão o conforto respiratório se torna crônico.
A pessoa, com isso, acaba gastando mais energia para manter uma respiração nasal. Mesmo em repouso ela tem que respirar mais rápido para compensar essa cicatriz. O resultado disso tudo é que a pessoa acaba perdendo massa muscular, ficando mais fracas.
“A fibrose pulmonar é uma sequela, mas fazendo-se um tratamento num momento adequado, a gente consegue evitar esse tipo de lesão. Hoje existem vários medicamentos para tratamento anti-inflamatório que podem ser usados na fase de pneumonia, principalmente para os pacientes que estão hospitalizados e precisam de oxigênio. Esses tratamentos ajudam o paciente a melhorar durante a fase da pneumonia e também a reduzir sequelas. Então, é muito importante o acompanhamento médico adequado durante essa fase. O paciente não pode ficar desassistido”, finaliza o pneumologista Dr. João Carlos de Jesus.
Fonte
Redação | Doutor TV
Redação | Doutor TV