A pandemia da Covid-19 já se alastra por mais de um ano no mundo todo e especialmente no Brasil, onde a situação ainda está longe de normalização quando comparada a outros lugares, os impactos na saúde mental podem ser catastróficos. Afinal, o isolamento social precisa ser respeitado, enquanto as pessoas trabalham, estudam e ao mesmo tempo convivem com o medo. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), no Brasil é onde mais prevalecem os quadros de depressão da América Latina.
Estresse e medo
É inevitável que a pandemia de Covid-19 desperte medo em muitas pessoas, pois são inúmeras mortes causadas pelo novo coronavírus em todo o país. Todas as medidas de isolamento, higiene e testes são o retrato desse medo, pois o vírus é incansável e não escolhe vítimas. O convívio de mais de um ano com esse medo pode resultar num desgaste grande da saúde mental, segundo especialistas.
Não obstante, as preocupações do dia a dia não deixaram de estar presentes, portanto além de lidar com os cuidados referentes a Covid-19, a população ainda precisa seguir, no limite do possível da normalidade, com as mesmas obrigações de antes, seja com o trabalho, escola ou casa. Essa junção de fatores pode resultar num demasiado estresse generalizado.
O psiquiatra Dr. Antônio Orlandini comenta: “Hoje, a gente vem vivenciando vários gatilhos mentais, que acabam fazendo com que se vivencie mais de perto o medo. Muitas pessoas vêm vivendo mais estressadas, com preocupações financeiras, problemas familiares, o medo do incerto, de um vírus que é invisível, onde a gente acaba saindo do nosso controle e ficando mais estressado, tendo consequências tanto na nossa saúde física quanto mental”.
Ansiedade e depressão
Os casos de ansiedade e depressão já eram um assunto sério de saúde global mesmo antes da pandemia, mas os resultados de todas as mudanças provocadas pela Covid-19 fizeram com que esses quadros não só piorem naqueles que já os tinham, mas também acometeram novas pessoas.
Um estudo aceito na revista Journal of Medical Internet Research mostrou que os sintomas de depressão e ansiedade nos trabalhadores de serviços essenciais no Brasil atingem 55% dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Um aumento nos sintomas relacionados a problemas de saúde mental é uma realidade global, como conta o Dr. Antônio Orlandini: “Hoje, a grande maioria da população de todo mundo teve um aumento importante nos quadros de sintomas de ansiedade, de estresse, de burnout, de depressão em pacientes que já tinham essas doenças ou desenvolveram durante a pandemia”.
Recomendações
Mesmo com a ameaça da Covid-19 presente, é muito importante que a população não se descuide em relação a saúde mental, pois é um problema muito sério que pode trazer não só consequências psicológicas como físicas também.
A Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde apresenta algumas dicas que podem ajudar a manter o bem-estar: planeje uma rotina mesmo que fique dentro de casa; se estiver em trabalho remoto, faça pausas e se movimente durante o período de trabalho; identifique pensamentos intrusivos, repetitivos e catastróficos que levem à ansiedade, dentre muitas outras.
Além disso, uma consulta profissional pode ser um enorme diferencial ao lidar com a saúde mental. Na pandemia, a telemedicina é um recurso imprescindível. “Hoje em dia, com os benefícios que a telemedicina vem trazendo pra população, há uma facilidade onde o paciente consegue ser atendido em qualquer lugar do Brasil. A saúde mental hoje pode ser levada a qualquer lugar”, complementa o psiquiatra Dr. Antônio Orlandini.
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