A depressão é uma doença que acomete milhões de pessoas em todo o mundo. Além de provocar tristeza profunda, perda de interesses e acentuado sentimento de desesperança, esse transtorno de humor também é marcado por alterações do sono e falta de apetite. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2019, 10,2% da população brasileira sofrem com a depressão.
A cetamina
A cetamina é um anestésico desenvolvido na década de 1960 e que está na lista da OMS (Organização Mundial de Saúde) como um dos medicamentos essenciais. Há 15 anos, descobriu-se que tal medicamento possui efeito antidepressivo, até mesmo para casos em que o tratamento convencional não funciona. Com ação rápida, geralmente dentro de 3 semanas já é possível saber se o remédio irá funcionar ou não.
“Cerca de 70% das pessoas que não melhoram com os antidepressivos, têm resultado com a cetamina. Esse dado foi replicado diversas vezes e publicado nas melhores revistas internacionais de psiquiatria”, aponta o médico psiquiatra Dr. Ivan Barenboim.
A cetamina atua no sistema glutamatérgico estimulando um dos receptores e bloqueando outro. Isso promove alterações nas cascatas biológicas dentro dos neurônios e também em outras células do cérebro. Em quem responde, a cetamina acaba promovendo a regeneração de sinapses cerebrais que foram degeneradas ou prejudicadas devido à depressão. Essa regeneração ocorre em áreas límbicas, locais disfuncionais quando a pessoa está em depressão.
Indicação
A indicação é para pessoas com depressão refratária, ou seja, casos em que já se tentou pelo menos dois tratamentos diferentes com antidepressivos e mesmo assim não houve melhora do quadro. Outra indicação é para aquela pessoa que necessita melhorar rapidamente, pois a mesma tem pensamentos suicidas, não se alimenta e está, portanto, correndo sérios riscos.
“É necessário que a pessoa faça as aplicações numa clínica ou consultório e sob a supervisão médica. Além de monitorada, a pessoa precisa estar acompanhada de algum profissional para que o procedimento seja realizado de uma maneira segura”, explica o psiquiatra.
Os estudos, em geral, mostram uma taxa de sucesso de 70% no uso da cetamina. Isso não significa que esses 70% ficam curados da depressão, mas que respondem bem às aplicações da cetamina.
“É um tratamento com comprovação científica. O ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos disse o seguinte: a cetamina é a maior novidade do tratamento farmacológico da depressão das últimas décadas”, acrescenta o Dr. Ivan Barenboim.
Contraindicação
Há duas contraindicações que precisam ser citadas:
Pessoas acometidas por doenças cardiológicas instáveis, ou seja, a pessoa tem uma insuficiência cardíaca importante ou hipertensão arterial descontrolada.
Pessoas em surto psicótico. É quando a pessoa está deprimida e tem alucinações. A contraindicação é por precaução.
“Agora, se a pessoa tiver uma hipertensão arterial controlada com remédios e está tudo bem com a mesma, medição dentro do normal na clínica, não há nenhum problema em fazer a infusão”, explana o Dr. Ivan Barenboim.
Risco de vício
Teoricamente, existe o risco de vício, pois a Cetamina pode ser usada como droga de recreação.
“Porém, não é algo que vemos no consultório ou na clínica. Fiz 7 mil infusões e não costumo ter esse problema, pois não é uma substância, comparada com outras drogas, com tendência tão forte em viciar. Segundo ponto: o tipo de paciente que procura o consultório para tratamento com cetamina, em geral, não tem tendência a vícios. E também a pessoa não tem acesso ao remédio na sua própria casa. Até pela forma como é feito o tratamento, é difícil viciar, pois ele só é realizado na clínica”, finaliza o médico psiquiatra Dr. Ivan Barenboim.
Fonte
Redação | Doutor TV
Redação | Doutor TV