O ser humano tem no intermediário de cada olho o cristalino, que é translúcido e funciona como uma lente. Todas as imagens que passam por esse cristalino (que também é capaz de aumentar o grau para focalizar as imagens de perto) chegam à retina sem nenhuma distorção.
Com o avanço dos anos esse cristalino vai ficando opaco. É como se um vidro começasse a ficar sujo. Eis que surge a catarata que, na maioria dos casos, aparece com aumento da idade. Existem também as cataratas secundárias a traumas, inflamações e uso de corticoides ao longo prazo.
Conforme dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em 2020 foram feitas mais de 600 mil cirurgias de catarata no país por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), o que praticamente dobrou em uma década se contar os 302 mil no ano de 2009.
Mesmo assim, muitas são as dúvidas quanto à doença e cirurgia. Entenda melhor!
Catarata deixa a pessoa cega ou apenas se perde a nitidez?
Diante de uma catarata inicial, a pessoa acometida pela doença começa a se queixar de que aquilo que estava muito claro perde a nitidez. O cristalino vai ficando mais sujo e o problema vai aumentando. Conforme a nitidez vai desaparecendo, progressivamente a pessoa tende a ficar sem enxergar.
Principais causas
O principal fator de risco para que a pessoa venha a ter catarata é o avanço da idade que faz com que o cristalino fique opaco. Não tem a ver com hereditariedade. Porém, quando está relacionada a traumas, inflamações e uso de corticoides ao longo prazo, pode-se dizer que houve um descuido.
“Descuidar é utilizar um colírio sem um controle médico, ou se o olho ficou vermelho e a pessoa não foi atrás de um acompanhamento, pode ter ocorrido uma Uveíte, ou seja, uma doença inflamatória que pode resultar numa catarata secundária”, explica o oftalmologista Dr. Daniel Kamlot.
Manchas que embaçam a visão: sinal de catarata?
Manchas na visão, na maioria das vezes, são denominadas moscas volantes. É uma falha no vítreo, parte gelatinosa dos olhos que fica mais ao fundo, não no cristalino. Há manchas que pegam a retina como a degeneração macular, edema macular relacionado à idade e retinopatia diabética. Todas elas podem causar o baixo visual, uma perda da visão um pouco mais súbita.
Cirurgia: quando é necessária
A decisão da cirurgia deve vir tanto do médico quanto do paciente. Muitas vezes a qualidade de vida de um advogado, por exemplo, que necessita da boa visão devido à atividade, tende a ficar afetada. Sendo assim, o profissional necessita de uma cirurgia bem antes de um aposentado.
“Temos que conversar com o paciente o quanto a catarata está atrapalhando a sua qualidade de vida pra, juntamente com ele, decidir o momento de operar”, esclarece o oftalmologista.
A cirurgia da catarata tem avançado muito. Um cirurgião bem treinado faz com que o procedimento fique bem mais seguro.
Se lá no passado a cirurgia era feita intracapsular, em que se abria toda a córnea para implantar a lente intraocular, hoje se tornou extracapsular, com uma abertura de apenas 02 milímetros para o implante dessa lente que hoje é dobrável. Na maioria dos casos nem precisa suturar a região para que ela seja colocada e dificilmente precisará de uma substituição.
Vale lembrar que a lente é apoiada numa cápsula que pode opacificar. Faz-se, então, a chamada capsulotomia que vai polir a cápsula para que a pessoa volte a enxergar melhor.
Livrando-se da cegueira durante a cirurgia
O pré-operatório deve ser feito com muito cuidado. Estuda-se o quanto de células a pessoa tem na córnea e se há segurança para a cirurgia. Observa-se também se há algum problema na retina que necessite de tratamento e proteção antes do procedimento.
O intraoperatório depende muito se o paciente é alto míope ou se tem algum padrão de dificulte essa cirurgia.
O pós-operatório também deve ser assistido com todo o cuidado. Não pode coçar o olho, colocar o dedo sujo na área da visão. Sendo assim, na maioria dos casos a cirurgia tem uma segurança muito grande.
A alta se dá no mesmo dia da operação. O paciente passa pelo procedimento e pouco tempo depois já volta para casa, preparando-se para o pós-operatório que se inicia no dia seguinte.
“E geralmente duas semanas após a cirurgia, a pessoa volta às atividades normais. Claro, isso vai depender dos cuidados com os olhos e utilizando o colírio até o final”, finaliza o Dr. Daniel Kamlot.
As mulheres podem ficar sossegadas após a cirurgia. Como o procedimento é intraocular, não há necessidade de abolir os cosméticos, como lápis e etc. Elas só devem se atentar com os cuidados pós-operatórios, ou seja, dedos nos olhos, coçar a região e etc.
Consulta com o oftalmologista: recomendações gerais
Um check-up com o profissional capacitado deve vir desde a época da infância com o exame do reflexo vermelho. E conforme cresce, a criança deve consultar todos os anos. Antes de completar 07 anos, por exemplo, se a criança tiver algum desvio ocular, faz-se o tampão ocular para incentivar essa visão. Após essa idade não há como realizar o procedimento.
Os adultos também devem passar pelo oftalmologista como rotina. Muitas vezes há sinais de glaucoma, que é a principal causa de cegueira irreversível e geralmente silenciosa.
Quanto mais precocemente detectadas as doenças, consegue-se tratá-las sem que gere complicações.
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